Sempre ouvi as pessoas
falando sobre portas abertas, e via isso como algo positivo, em
especial a alguns dias, quando um amigo me falou que tenho a mania de
manter as portas abertas, como uma conotação um tanto quanto
“sarcástica”.
Acho que fui treinado a
vida inteira para manter as portas abertas e por isso faço
naturalmente, mesmo premeditando futuras passagens pelo local só em
sonhos.
Mas se essas estão
abertas, por que não cogitar a passagem por elas?
Mesmo com poeira, mesmo
com ferrugem em suas dobradiças ela ainda é “a minha porta
aberta”, e só está aberta para mim.
Se é o tempo correto
de lembrar-me dela, não sei afirmar, mas se existe e não foi
fechada é por que tenho algo que pode me fazer bem ali. E não vou
abdicar do direito de passagem, como um funcionário dedicado que tem
sua cadeira sempre lembrada pelos companheiros ou como um ex campeão
do mundo que olha a foto do dia se sua maior vitória e sabe que hoje
não é mais aquele da foto, no fundo de seu coração ele sabe que o
sabor daquele dia ainda vem a boca quando vê seu cinturão pendurado
na parede.
Mas o tempo não o
perdoou e nem ficou esperando por ele, mas a foto ainda está na
parede e a porta ainda está aberta.